01 dezembro 2008

Anunciadas primeiras imagens de planetas fora do Sistema Solar

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Se for confirmado que os objetos observados são planetas, essas serão as primeiras imagens de corpos celestes deste tipo orbitando uma estrela que não o Sol
Duas equipes de astrônomos anunciaram independentemente que conseguiram as primeiras imagens de planetas em órbita de uma estrela que não é o Sol - uma delas mostra três corpos semelhantes a planetas orbitando em volta de uma estrela distante.
Com os telescópios Keck e Gemini, no Havaí, uma equipe tirou fotos em infravermelho de três objetos, cada um de 5 a 13 vezes a massa de Júpiter, na órbita da HR 8799, uma estrela a 130 anos-luz da Terra na constelação de Pégaso.
A outra equipe utilizou o Telescópio Espacial Hubble para obter fotografias de um possível planeta não maior que três vezes o planeta Júpiter. Ele circunda Fomalhaut, uma estrela a 25 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Piscis Austrinus, e completa uma órbita a cada 872 anos.
O objeto está cerca de 119 vezes mais distante de sua estrela do que a Terra do Sol e se localiza na beirada de um disco de detritos, que parece ter se formado como um anel plano de contornos nítidos pela atração de poeira espacial enquanto orbitava.
Os astrônomos têm procurado evidências diretas de planetas orbitando uma estrela fora do Sistema Solar por quase uma década. Mais de 300 planetas extra-solares, ou exoplanetas, foram descobertos até agora, mas através de métodos indiretos - por exemplo, pela detecção da forma pela qual uma estrela oscila enquanto planetas orbitam à sua volta.
Se for confirmado que os objetos observados pelas duas equipes são planetas, essas não serão apenas as primeiras imagens de planetas orbitando uma estrela que não o Sol, mas também as primeiras observações diretas de um sistema multiplanetário e de um planeta em órbita nos limites de um disco de detritos.
As alegações de imagens diretas são "muito excitantes", mas "não mais definitivas que as anteriores", disse David Charbonneau, especialista em exoplanetas do Centro Harvard-Smithson de Astrofísica, em Cambridge, Massachusetts. As alegações não são definitivas porque as massas dos planetas são calculadas de forma indireta, explicou.
Incerteza de tamanho
No caso da tríade de possíveis planetas, a equipe usou o brilho e a idade calculada dos objetos para inferir suas massas. Supõe-se que a HR 8799 e seus suplementos tenham em torno de 60 milhões de anos. Portanto, com base no modelo de como os planetas esfriam durante sua formação, os objetos possuem a massa de 5 a 13 Júpiteres, segundo relata a equipe na revista Science.
"Se confiarmos no modelo e nas idades estimadas, então, são planetas", disse Drake Deming, astrônomo do Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, Maryland. Mas acrescenta, "a principal incerteza aqui está no modelo. Não temos informação suficiente sobre o início da formação de planetas para testá-lo, se usarmos um modelo diferente, podem virar anãs marrons". Anãs marrons são estrelas fracassadas, com pouco mais que 13 vezes a massa de Júpiter.
Os três objetos observados em volta da HR 8799 orbitam na mesma direção. Enquanto planetas tendem a circundar uma estrela na mesma direção, já que formados de apenas um disco giratório de poeira, estrelas não seguem essa tendência. Além disso, os astrônomos nunca observaram três anãs marrons orbitando uma única estrela antes.
"Por isso temos certeza que são planetas", afirmou Christian Marois, que lidera o estudo e astrônomo do Conselho Nacional de Pesquisa do Instituto Herzberg de Astrofísica, na Colúmbia Britânica, Canadá. É também altamente provável que esses objetos sejam planetas porque a estrela mantém um disco massivo de detritos, do qual podem ter sido formados, acrescentou.
Com base nos dois argumentos, os objetos "realmente parecem ser planetas", concordou Deming. "Tirar fotos de planetas próximos a um disco de detritos de uma estrela é o que também torna a descoberta em Fomalhaut convincente".
A descoberta do disco
A equipe que descobriu o objeto circundando Fomalhaut usou a interação gravitacional do disco de detritos e o possível planeta, chamado de Fomalhaut b, para calcular que o corpo tinha entre metade e três vezes a massa de Júpiter.
"Se fosse um pouco maior ou menor, o disco de detritos próximo a Fomalhaut b não teria um limite tão bem definido", disse Eugene Chiang, astrônomo da Universidade da Califórnia, Berkeley, e co-autor de um relatório sobre o objeto que também está na Science.
Esse é um argumento forte, diz Charbonneau, acrescentando que as duas equipes têm embasamentos excelentes para suas descobertas. Mas ele e Deming concordam que é muito cedo para declarar as imagens como as primeiras e históricas fotos de mundos fora de nosso Sistema Solar.
 

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