
Jamil Chade/AE - Cientistas do Cern celebram a ativação iminente do LHC numa 'Festa do Fim do Mundo' em Genebra
Todo o processo de inicialização do LHC será transmitido em vídeo ao vivo, pela internet, de Genebra
Pesquisadores do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) iniciarão, às 9h da manhã de quarta-feira, 10, horário de Genebra (4h da madrugada, em Brasília) a ativação do LHC, o maior e mais caro experimento de Física de todos os tempos. Num túnel de 27 km de circunferência, 100 metros abaixo do solo na fronteira entre França e Suíça, o primeiro feixe de partículas será injetado no Grande colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês).
Se tudo der certo, o LHC terá os feixes circulando em ambos os sentidos a uma energia de 450 GeV (bilhões de elétron-volts, unidade usada para medira energia de partículas elementares), ainda bem abaixo de sua energia máxima, 7 TeV (trilhões de elétron-volts).
Ainda nesse ano, o sistema de aceleradores do LHC deverá elevar a energia até 5 TeV para, a partir de 2009, começar a operar na energia máxima projetada. Quando isso acontecer, os cientistas começarão a reunir dados que, nos próximos anos, poderão levar à confirmação - ou derrubada - de ousadas previsões teóricas, como a existência de partículas até hoje não observadas e de dimensões ocultas no espaço-tempo.
Todo o processo de inicialização do LHC será transmitido em vídeo ao vivo, pela internet.
Para celebrar o feito, na noite desta terça-feira um grupo de cientistas de todo o mundo organizou em Genebra uma festa pouco comum: The End of the World Party (A festa do fim do mundo). O nome é uma brincadeira com temores, levantados por uma minoria de cientistas, de que o LHC possa causar uma catástrofe cósmica que levaria ao fim do mundo.
"Não há perigo nenhum", rebate Andrei Loginov, físico russo que participa do projeto e organizou a confraternização de terça. "Sempre existem aqueles que acreditam em risco. Mas não tem nada disso e a festa é só uma boa desculpa para comemorar."
As energias do LHC
Energias de 7 trilhões de elétron-volts parecem um bocado, mas o elétron-volt é uma unidade especialmente pequena: uma lâmpada de 100 W emite 100 quintilhões de elétron-volts - ou milhões de vezes mais energia que um próton acelerado à energia máxima do LHC - a cada segundo. O que torna o experimento tão excepcional, então?
O físico Sérgio Novaes, do Instituto de Física da Unesp, que tomou parte do projeto de um dos detectores do acelerador, explica que no LHC circularão feixes contendo, cada um, 2.808 aglomerados de prótons, cada aglomerado com centenas de bilhões de partículas, cada partícula com a energia individual de 7 TeV.
A energia acumulada em um só feixe é da ordem de 400 milhões de joules, ou pouco menos que o consumo mensal médio de uma residência no Brasil.
Outro fator importante é a concentração da energia em um espaço muito pequeno. "Estamos procurando investigar distâncias muito menores que os prótons ou nêutrons", diz Novaes.
Dividindo a energia de um único próton a 7 TeV pela área efetiva das colisões que ocorrerão no acelerador, o resultado é uma energia por metro quadrado que chega a ser um quatrilhão de quatrilhões de vezes maior que a transferida para a bola durante o chute de um jogador de futebol profissional.
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